Presidente passou a ser investigado por três crimes
e crise política se agravou nos últimos dez dias. Impacto de depoimentos levou
bancadas de PSB, PPS, PTN e PHS a anunciarem saída da base.
Por
Bernardo Caram, G1, Brasília
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O presidente Michel Temer (Foto: Evaristo Sá/AFP) |
Com o
agravamento da crise política nos últimos dez dias, causado pelas delações de executivos da
JBS no âmbito da Operação Lava Jato, a base aliada do
presidente Michel Temer na Câmara encolheu. Ao todo, 4 partidos que apoiavam o
governo (PSB, PPS, PTN e PHS) – e juntos somam 66 deputados – anunciaram que
passarão a fazer oposição.
É comum no
Congresso, porém, mesmo quando há esse tipo de decisão de partido, nem todos os
deputados seguirem a orientação nacional.
Antes da
delação da JBS – considerando como oposição PT, PCdoB, PDT, PSol e Rede –, o
governo contava com o apoio de bancadas que, juntas, reuniam 413 dos 513
deputados. Como alguns partidos decidiram deixar a base aliada, o número caiu
para 347 parlamentares.
Desde que Temer
assumiu o Palácio do Planalto, em maio do ano passado, o governo tem buscado
garantir no Congresso Nacional o apoio necessário para aprovar as reformas,
entre as quais a da Previdência Social e a trabalhista.
No caso da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda as regras de aposentadoria,
por exemplo, serão necessários pelo menos 308 votos favoráveis para o projeto
seguir para o Senado.
Saída da base aliada
Com a
divulgação das delações da JBS,
o PSB, com 36 deputados, anunciou que fará oposição ao
governo e também passou a defender a renúncia de Temer.
Antes, o partido se classificava como independente, mas a sigla era tratada
pelo governo como integrante da base aliada, pois comanda o Ministério de
Minas e Energia.
A bancada do
PPS, formada por 10 deputados, não está mais no governo, informou ao G1 o líder do partido na Câmara, Arnaldo Jordy
(PA). Segundo o parlamentar, o partido votará em plenário o que for
"melhor para o país".
"Nosso
entendimento é que o presidente não tem mais condição de conduzir o país com a
credibilidade necessária. Esperamos que ele renuncie", enfatizou.
O PPS comandava
dois ministérios: Cultura e Defesa. Com a decisão do partido de fazer oposição,
Roberto Freire (Cultura) entregou o cargo,
enquanto Raul Jungmann (Defesa) seguiu no posto.
Com uma bancada
de 13 deputados, o Podemos (antigo PTN) também anunciou o rompimento com o governo.
Em nota, o partido defendeu que as instituições devem ser reconstruídas com
base na "transparência" e em "princípios éticos e morais".
Formada por
sete deputados, a bancada do PHS também anunciou ter deixado a base aliada. O
líder do partido, Diego Garcia (PR), chegou a apresentar um dos pedidos de
impeachment de Temer.
O PSDB e o DEM,
principais partidos da base ao lado do PMDB, afirmam que permanecem na base,
mas têm ressaltado que a posição está em constante avaliação e a continuidade
no grupo de sustentação do governo vai depender do desenrolar dos fatos que
envolvem o presidente.
Entenda a crise política
Desde o último
dia 17 o governo vive a maior crise política desde que Temer assumiu o
Planalto, ainda como presidente em exercício, em maio do ano passado.
As delações dos
empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e do executivo Ricardo
Saud, do grupo J&F, que controla a JBS, atingiram, principalmente, Michel
Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que chegou a ser afastado do mandato
parlamentar pelo Supremo Tribunal Federal.
Ponto
a ponto: saiba o que os delatores
disseram sobre Temer
Os irmãos
Batista entregaram ao Ministério Público Federal gravações, fotos, vídeos e
documentos para comprovar as informações. As delações foram homologadas.
Com base no que
foi apresentado, a Procuradoria Geral da República pediu e o Supremo Tribunal
Federal autorizou a abertura de inquérito para investigar
Michel Temer por três crimes: corrupção passiva, obstrução
à Justiça e organização criminosa. O presidente nega todas as acusações.
O conteúdo das
delações da JBS atingiu Temer a ponto de a Câmara dos Deputados já acumular,
após o agravamento da crise, 17 pedidos de impeachment,
movidos principalmente pela oposição e pela Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB). Além disso, articuladores políticos do governo passaram a ser avisados
que parte da base aliada quer a renúncia de Temer.
O presidente já
disse que não renunciará.
Em notas e em pronunciamentos à imprensa, ele tem rebatido as acusações dos
delatores da JBS e negado ter cometido irregularidades no
mandato do presidente da República.
Acusações
Relembre abaixo
algumas das acusações envolvendo o presidente Michel Temer, de acordo com o
Ministério Público e segundo os delatores da JBS:
Respostas
À medida em que
o conteúdo das delações era conhecido, o G1 questionava
a Presidência sobre as acusações. Leia abaixo:
- Ajuda a Cunha: "No diálogo com Joesley
Batista, o presidente Michel Temer diz que nada fez pelo ex-deputado Eduardo
Cunha. Isso prova que o presidente não obstruiu a Justiça. Michel Temer não
recebeu valores, a não ser os permitidos pela Lei Eleitoral e declarados ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Portanto, não tem envolvimento em nenhum tipo de
crime."
- Ação no TSE: "Isso não ocorreu".
- Atuação para impedir Lava Jato: "O presidente
nunca atuou para impedir o avanço da Lava Jato".
- Recebeu R$ 15 milhões e guardou R$ 1 milhão: "O
presidente não pediu nem recebeu dinheiro ilegal."
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